quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Terça-feira, 01/08/2017

Respeitemos
os nossos amores,
os nossos temores,
os nossos pudores,
os nossos louvores,
os nossos queimores.

Que eles não necessitam de ser os mesmos
e, oxalá,
que não os sejam.

Assim eu aprendo contigo,
você aprende comigo,
e descobriremos quão tênues podem - ou não - ser
as nuances dissolvidas nas entrelinhas das nossas diferenças.

E juntos, entenderemos de igualdade,
mas, daquela de verdade,
a que reside no entendimento de que,
ainda que juntos,
sempre seremos unos.

E jamais cairemos no erro de,
inutilmente, fingir
que vamos nos fundir numa coisa só.


quarta-feira, 14 de junho de 2017

Da próxima vez que eu me perder de mim
e inventar de me encolher para caber em alguém,
vou lembrar da impossibilidade de executar essa famigerada ação.
Eu, que mal caibo aqui,
que me espalho e me perco nos outros,
não tenho nessa vida a tendência a ser diminuta.
Preciso dos espaços das almas, corpos e corações alheios onde me espalhar,
preciso que eles se espalhem em mim,
me transmutem, me absorvam e me enriqueçam,
me desconheçam, me abandonem e deixem aqui seus resquícios,
levando consigo meus pedaços,
de alma, de vida, meus suores, minha saliva
e um pouco desse meu peito atravessado.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Espaço, vácuo e vazio

Não sei dizer o que quero agora de um relacionamento.
Eu sempre me doo mesmo e sempre vou me doar. É de mim tentar ser essa parceira, ser amiga, deixar o outro saber que pode contar comigo, se precisar.
Mas, e quando esse movimento se torna apenas unilateral? Quando se percebe que o outro não tem o mesmo interesse, a mesma doação, ainda que não seja por mal, mas talvez por apenas não saber dividir, não saber compartilhar?
E como saber se é isso mesmo? Uma dificuldade de sair da própria concha, de demonstrar uma fragilidade, ou se é egoísmo mesmo ou desinteresse?

Queria ser essa pessoa mais desapegada, elevadíssima, que doa sem esperar em troca.
Mas será que vale mesmo a pena?
Será que não é um desperdício de energia, me colocar na posição de aceitar as migalhas de afeto e afeição que eu recebo de modo inconstante, a cada variação de humor e disponibilidade do outro?

A paixão é rasa. Eu sei.
Portanto, não há muito o que esperar de alguém que se diz apaixonado, até porque paixão se pega quase como gripe. Basta aparecer outro alguém que por um instante pareça mais interessante e traga aquele frescor de novidade, pra você se tornar a lembrança entediante de uma conexão onde já houve algum conflito. E aí, você perdeu. Sua vez passou. E você nem ao menos será avisada disso, talvez.
Vai ter que ler as entrelinhas das mensagens - ou da ausência delas - daquele que se diz egoísta, que precisa apregoar a solteirice aos quatro ventos, como um modo de te mostrar "indiretamente" que não tem laços de verdade com você. E você que se vire com as expectativas que você - não - criou sozinha.

Esse modo esquivo de fugir e se eximir da responsabilidade pelo que se disse, fez, e provocou anteriormente, é covarde demais! E, além da frustração, soma ao outro mais um milhão de dores: da rejeição, da falta de cuidado, da falta de respeito mesmo. A convicção de não estar sendo visto com a tal da "empatia", a não-aplicação da lógica do "não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você". Sim, é egoísmo mesmo. Não há um pingo do tal amor que a gente costuma esperar aí.

E não falo do amor tradicional, romântico, que precisa construir planos de futuro e assumir posturas engessadas de relacionamento. Falo do amor que se tem por outro ser humano mesmo, aquele que entende que se há um vínculo sexual, deveria paralelamente e, principalmente, haver um vínculo afetivo. Porque é esse tipo de vínculo que eu espero formar com as pessoas que entram na minha vida.

Que a paixão passe, mas reste o respeito, a consideração, uma amizade até. Porque, apesar das intenções terem mudado, você sente que ainda assim o outro te enxergou como um igual e cuidou de tratar de você, mesmo na hora difícil do rompimento, com o mínimo que se espera entre pessoas que dividiram sua intimidade.

Me vejo até o último momento querendo "cuidar" de quem não demonstra nenhuma intenção de ter cuidado comigo. E não sei se isso é realmente altruísmo ou algum tipo de autoflagelação.
Não quero ser alguém que implora por afeto. E também não quero me tornar uma pessoa dura, que reproduz esse comportamento que acho tão desumano.

Encontrar esse equilíbrio é um desafio tão grande, talvez o maior desafio que me pego tentando enfrentar agora, mesmo em meio a tantas outras dificuldades internas que já me dispus a enfrentar. Porque, parece necessário criar uma casca que não possa ser ultrapassada pela indiferença e descaso de alguém a quem devotamos carinho, cuidado e, talvez um resquício desse amor real e despretensioso que buscamos.

E a briga entre o ego, a rejeição e a vontade de "elevação espiritual" me faz questionar, obviamente, se essa dor provocada pela frieza alheia reflete que nem eu mesma alcancei esse sentimento desapegado que eu espero receber do outro.

E eu falo, falo, penso, e não chego a conclusão alguma. E os altos e baixos desse tentar entender me destroem em crises de ansiedade e de um sofrimento que eu novamente questiono: eu preciso mesmo enfrentar? E quanto dele é de minha própria responsabilidade?

Juro que queria uma confirmação de que tudo isso depende inteiramente de mim, porque eu tenho a esperança, talvez ingênua demais, de que aquilo que me cabe eu posso resolver. Mas, resolver o que vem do outro e me atinge, isso eu ainda não sei como fazer.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Quinta-feira, 17 de março de 2016

Mariana quer se apaixonar.
Parece bobo dito assim, mas é verdade.
Mariana está louca pra se apaixonar.

Tão louca que começou a stalkear o cara que viu no bar apenas algumas vezes.
Mas , também, aquele é o cara mais bonito que ela viu nos últimos meses, talvez nos últimos anos, talvez a vida inteira.
E, talvez, ele não seja nada disso.
Mas, ela não sabe disso agora.
Já te disse: Mariana está louca!

Louca por aquele cara alto, por aqueles olhos escuros, por aquela barba pretensiosamente despretensiosa.
E por aquele olhar de desejo que ele deposita nela e que ela já flagrou algumas vezes.
Desarmada por tanta intensidade, ela nunca conseguiu corresponder sem ficar totalmente vermelha e nem sustentar o olhar por mais do que apenas três segundos deliciosos.

Hoje, ela acordou arrepiada por ter sonhado com ele.
E ficou excitada à primeira imagem dele que se formou em sua mente desperta.
Ela não sairá de casa essa noite, senão com um único propósito: ela precisa conhecer esse cara.
Trocar com ele mais do que as poucas palavras que trocaram até hoje.

Ela precisa retribuir àquele olhar.
Ouvir a voz dele próxima ao seu ouvido.
Experimentar o mínimo toque dele e tocá-lo, ainda que com a ponta dos dedos.
E sentir essa eletricidade - que quase já os toca de longe - de perto.
Mais do que tudo, ela quer que ele saiba o efeito que provoca nela.

Que ele perceba que os pelos se arrepiam involuntariamente,
que os olhos denunciam o desejo quase explodindo,
que imagine o quanto a calcinha dela deve estar molhada,
e fantasie os orgasmos explosivos que eles podem ter juntos.
Ela quer que ele sinta o efeito que provoca nela.

Ela quer levar esse efeito ao extremo.

Mariana quer se apaixonar.
E gozar.
Apaixonadamente.
Enlouquecidamente.




terça-feira, 16 de agosto de 2016

De passagem

Eu sempre me soube sozinha. Eu sempre me soube passageira.

E agora percebo que isso é um ponto de um contexto muito mais complexo: Eu não compreendo a longevidade como parte integrante das coisas.

Em minhas inúteis tentativas de visualizar o futuro ao longo da vida, nunca consegui prever algo num espaço enorme de tempo. "Como você se vê daqui a cinco anos? " É um exemplo de pergunta cuja resposta eu nunca consegui formular.

Adapte essa incapacidade de projeção a uma situação onde se inclua um relacionamento e ... o resultado será o mesmo.
Nunca consegui visualizar o futuro de uma relação, salvo por alguns pequenos lapsos semi-copiados de um companheiro empenhado. Uma imitação ruim da convicção alheia.

Não trago isso  como um problema, veja bem. Pra mim, é apenas uma constatação.

Se ao mesmo tempo, questiono a fugacidade das coisas, por não querer de modo algum ser uma pessoa superficial, por outro lado, não creio na manutenção de situação alguma por um grande período de tempo.

Não que isso indique realmente um trato pouco profundo, pelo menos eu acho que não trago as coisas no raso. Pelo contrário, eu gosto de intensidade, anseio por ela e tento extrair experiências consistentes das interações que tenho com o mundo e com as pessoas.

Mas, encaro a mudança, a necessidade de um recomeço, como algo inevitável.

E falar sobre isso assusta. Geralmente, as pessoas julgam que esse modo de ver as coisas me torna alguém que sairá correndo na primeira dificuldade. Acredite, é exatamente o contrário. E não há nada de contraditório nisso.

Eu acredito que se as coisas têm prazo pra acabar, é preciso extrair de qualquer experiência o máximo que ela pode te oferecer. Justamente por não saber quanto tempo ela pode durar. mas, não como alguém que chupa freneticamente uma laranja e cospe o bagaço. E sim, como alguém que saboreia cada pedacinho, pois cada porção é única e, sim, em algum momento, vai acabar.